Carta aberta ao deputado federal Valmir Assunção

Salvador, 21 de novembro de 2024

Querido Valmir,

Nos últimos dois anos tenho tido a honra de acompanhar de perto o seu trabalho e a sua força como representante incansável das causas sociais. Em um Brasil ainda profundamente marcado pelo racismo e pela desigualdade, somos desafiados e desafiadas, todos os dias, a nos reinventar e re-existir.

Ontem, vivemos um momento histórico: pela primeira vez, o Dia da Consciência Negra foi celebrado como feriado nacional. Sua atuação na Câmara dos Deputados foi decisiva para que esse marco se tornasse realidade. Sua voz tem ecoado em sintonia com as nossas vozes, coletivas e aquilombadas, reverberando em quilombos, assentamentos, movimentos sociais, blocos afros, comunidades de terreiro e em todas as formas de resistência negra.

Mas, Valmir, acredito que, mais importante do que o 20 de novembro, é o que fazemos no dia 21 e em todos os dias que virão. Assim como nosso 14 de maio se prolonga há 136 anos de luta constante pela liberdade, que o dia após nosso feriado nos inspire a uma consciência viva e permanente. Precisamos lembrar, sempre, que nossos passos vêm de longe — e que eles irão ainda mais longe. Conquistaremos muito mais, e nos reinventaremos sempre que necessário.

Querido deputado, nossa luta é um ciclo: de início, meio e recomeço. Que a esperança que você representa hoje floresça em muitos outros e outras, que continuarão a se levantar amanhã, e depois, e depois…

* Catharina Maia Caetano é coordenadora Estadual de Mulheres do Movimento Negro Unificado da Bahia (MNU-BA)

** Este é um texto de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Edição: Nicolau Soares

Link original: https://www.brasildefato.com.br/2024/11/22/carta-aberta-ao-deputado-federal-valmir-assuncao

Sobre

Movimento Negro Unificado (MNU) é uma organização pioneira na luta do Povo Negro no Brasil. Fundada no dia 18 de junho de 1978, e lançada publicamente no dia 7 de julho, deste mesmo ano, em evento nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo em pleno regime militar. O ato representou um marco referencial histórico na luta contra a discriminação racial no país.