Quem SOmos

O Movimento Negro Unificado (MNU) é uma organização pioneira na luta do Povo Negro no Brasil. Fundada no dia 18 de junho de 1978, é lançada publicamente no dia 7 de julho deste mesmo ano, em evento nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo em plena ditadura militar. O ato representou um marco referencial histórico na luta contra a discriminação racial no país.
A fundação do Movimento Negro Unificado foi deliberada em uma reunião de entidades negras realizada em São Paulo em 18 de junho de 1978, com o fim de “defender a comunidade afro-brasileira contra a secular exploração racial e desrespeito humano a que a comunidade é submetida”, “para que os direitos dos homens negros sejam respeitados”, e para organizar o ativismo em ampla escala, “levando o negro a participar em todos os setores da sociedade brasileira”. Participaram da reunião a Câmara de Comércio Afro-Brasileira, o Centro de Cultura e Arte Negra, a Associação Recreativa Brasil Jovem, a Afrolatino América, a Associação Casa de Arte e Cultura Afro-Brasileira, a Associação Cristã Beneficente do Brasil, o Jornegro, o Jornal Abertura, o Jornal Capoeira, a Company Soul e a Zimbabwe Soul. Sua primeira atividade foi a organização de um ato público contra o racismo, realizado em 7 de julho do mesmo ano, reunindo cerca de 2 mil pessoas, protestando contra a discriminação sofrida por quatro jovens no Clube de Regatas Tietê e contra a morte de Robson Silveira da Luz, torturado no 44º Distrito de Guainases.
Em sua origem se denominava Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial, abreviado para Movimento Negro Unificado em 1979. A criação do MNU geralmente é reconhecida como um marco no movimento negro brasileiro, assinalando a retomada do ativismo que fora desmantelado pela ditadura militar, e até hoje é uma das entidades mais importantes em seu gênero no país, sendo uma referência para muitos outros grupos.
Seu aparecimento foi influenciado pelas lutas a favor dos direitos dos negros dos Estados Unidos, por movimentos de libertação dos países africanos como Guiné Bissau, Moçambique e Angola, e por correntes de pensamento marxista. Neste contexto, o MNU inicialmente assumiu um discurso politizado radical, compreendendo a luta contra o racismo como parte da luta contra o capitalismo. Diz Petrônio Domingues que “a política que conjugava raça e classe atraiu aqueles ativistas que cumpriram um papel decisivo na fundação do Movimento Negro Unificado: Flávio Carrança, Hamilton Cardoso, Vanderlei José Maria, Milton Barbosa, Rafael Pinto, Jamu Minka e Neuza Pereira”. Para Maria Angélica Motta-Maués, o MNU também lutava contra a ditadura, e reeditou amplificadamente “a pretensão dos ativistas da primeira grande organização negra pós-abolição: a Frente Negra Brasileira, criada em 1931”.
Mais tarde o MNU abriu núcleos em vários estados e expandiu seu escopo de atuação e suas filosofias orientadoras, incluindo em sua pauta de projetos e atividades a denúncia do mito da democracia racial brasileira, a conscientização política da população negra e popularização do movimento, o engajamento dos sindicatos e partidos políticos, a busca de alianças nacionais e apoios internacionais, a introdução da História da África e do Negro no Brasil nos currículos escolares, a promoção do acesso dos negros a todos os níveis educacionais, a criação de bolsas para permanência dos alunos nas escolas, a releitura crítica da história e da identidade nacionais, o combate aos discursos hegemônicos, à marginalização, à violência policial, ao desemprego e à pobreza, a busca de melhores condições de vida em geral, o fortalecimento da identidade do negro no país e a afirmação de seu importante papel histórico, cultural e social, a valorização das raízes africanas e a recuperação da memória.

COORDENAÇÃO ATUAL

Coordenação Estadual do MNU Bahia eleita em 2023:

Coordenação Geral Estadual do MNU Bahia – Samira Soares (Lençóis)
Secretário Estadual de Tesouraria – Silas Felix (Salvador)
Secretário Estadual de Formação Política – Raimundo Bujão (Salvador)
Secretária Estadual de Organização – Lidiane Yoshioka (Xique-Xique)
Coordenação Estadual de Comunicação – Edval Serpa (Salvador)
Coordenação Estadual Jurídica – Jade Andrade (Salvador)
Coordenação Estadual de Educação – Maria Domingas (Itabuna)
Coordenação Estadual de Juventude – Sara Sacramento (Lauro de Freitas)
Coordenação Estadual de Mulheres – Cristina Viana (Senhor do Bonfim)
Coordenação Estadual LGBTQIAPN+ – Michele Nascimento (Lençóis)
Coordenação Estadual Sindical – Bete Sacramento (Lauro de Freitas)
Coordenação Estadual de Justiça e Direitos Humanos – Isadora Salomão (Salvador)
Coordenação Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais e de Matriz Africana – Moacir Pinho (Ilhéus)
Coordenação Estadual de Cultura – Josivaldo Félix (Pau Brasil)
Coordenação Estadual de Saúde – Thaise Viana (Salvador)
Coordenação Estadual de Etnodesenvolvimento – Beto Pretto (Salvador)
Coordenação Estadual de Relações Institucionais – Ademario Costa (Salvador)

A nova gestão assumiu compromisso de lutar contra todas as opressões de raça, gênero e discriminação de gênero que envolve a população negra

Impacto Social do mnu

Dentre as conquistas e avanços obtidos na história recente do Brasil, são inegáveis a maior visibilidade da questão racial e os marcos importantes quanto à representatividade e à luta pelo fim da discriminação. No entanto, para além do reconhecimento do avanço que já foi feito, é sempre importante conhecermos – ou relembrarmos – os movimentos e organizações que estão na linha de frente desse combate cotidiano. O Movimento Negro Unificado é uma delas.
A demarcação de terras indígenas, a lei de cotas, o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, o Dia Nacional da Consciência Negra… Nada disso foi dado de mãos beijadas pela tradicional elite política brasileira. São todas vitórias importantes que não foram obtidas sem manifestações, pressão direta, apoio popular e muita luta política das organizações que sempre tiveram o combate ao racismo como prioridade e razão de existência.
São inúmeras as implicações do racismo e dos resquícios da mentalidade escravocrata para a população negra, que hoje é maioria (pretos e pardos compõem 56% do total, segundo o IBGE) Dentre elas estão maior número de assassinatos, violência policial, oportunidades reduzidas de educação e emprego, encarceramento em massa, trabalho precarizado como mão de obra barata da classe média.
Isso sem falar, é claro, da deterioração identitária e do dano moral cotidiano que resultam dos episódios constantes de discriminação racial. Mesmo com tudo isso, porém, na história do senso-comum e do pensamento acadêmico brasileiro muito se falou na “democracia racial”.
Difundido de maneira mais ampla a partir da obra do escritor Gilberto Freyre, tal mito propaga a ideia de que a história de mestiçagem e convivência de múltiplas raças no Brasil teria conduzido a uma sociedade plural, mista e sem racismo.
Entretanto, é precisamente essa a principal ideia que o MNU, desde a sua concepção como movimento, se propõe a combater, de modo a denunciar as evidências explícitas do racismo em múltiplas esferas da sociedade brasileira.
Como a denúncia, apesar de importante, nunca é suficiente, os principais objetivos concretos de movimentos como o MNU envolvem a melhoria das condições de vida da população negra e a construção do caminho para a igualdade racial. A importância também se reflete, portanto, nas conquistas do movimento.
Embora grandes esforços já estivessem sendo realizados há muito tempo para a inclusão da cultura afro-brasileira no currículo escolar, somente em 2003 seria promulgada a Lei 10.639/03, como resultado de mobilizações do MNU e do movimento negro como um todo.
Essa lei institui a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nas disciplinas do ensino fundamental e médio. Assim, é estabelecida formalmente a importância de se levar em conta a contribuição das matrizes indígena e africana para a formação do povo brasileiro.
Outra conquista significativa do movimento dentro dessa mesma lei é o reconhecimento do dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra no calendário escolar. Em 1695, nessa data morria Zumbi dos Palmares, grande símbolo de resistência contra o sistema escravista.
A Lei de Cotas do Ensino Superior (Lei 12.711/12), um dos maiores avanços na luta pela igualdade racial nos últimos anos, também deve muito ao MNU. A partir de 2012, passaram a ser levados em conta os critérios sociorraciais para a definição de 50% das vagas nas universidades federais. Em 2018, pela primeira vez, a população negra se tornou maioria no ambiente universitário.
Por último, deve ser ressaltada a contribuição do pensamento do Movimento Negro Unificado em incluir os povos marginalizados na Constituição de 1988, sobretudo os quilombolas.
Entretanto, ainda há muitos avanços por conquistar nessa pauta, visto que uma parte majoritária dos territórios remanescentes dos quilombos ainda precisa ser demarcada pelo governo.

Sobre

Movimento Negro Unificado (MNU) é uma organização pioneira na luta do Povo Negro no Brasil. Fundada no dia 18 de junho de 1978, e lançada publicamente no dia 7 de julho, deste mesmo ano, em evento nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo em pleno regime militar. O ato representou um marco referencial histórico na luta contra a discriminação racial no país.