O Movimento Negro Unificado – Bahia manifesta seu mais veemente repúdio pela morte do adolescente Caíque dos Santos Reis, 16 anos, ocorrida no domingo, 28 de setembro de 2025, no bairro de São Marcos, em Salvador. A perda de Caíque é mais uma tragédia que expõe a letalidade desproporcional que atinge nossos jovens negros e nossas periferias.
Segundo relato da Sra Joselita dos Santos Cruz, e de moradores, Caíque foi rendido durante a ação e obedeceu às ordens de erguer as mãos antes de ser baleado; moradores afirmam que ele estava rendido no momento do disparo. A versão oficial, divulgada pela corporação, alega que houve troca de tiros. Essa contradição entre relatos de moradores/família e a versão institucional exige investigação imediata, completa e independente.
Caíque era estudante, trabalhava como barbeiro e iria começar em um novo emprego como atendente de confeitaria hoje — planos de vida arrancados pela violência. A comunidade reagiu com protestos e fortes denúncias de abuso por parte das equipes que atuaram na operação.
Diante dos fatos, exigimos:
1. Apuração imediata, independente e transparente do episódio, com afastamento cautelar dos agentes envolvidos até conclusão das investigações; responsabilização administrativa e criminal;
2. Garantia de acesso da família e da sociedade civil às informações e à tramitação do processo investigatório;
3. Implementação real, integral e urgente das câmeras corporais em todas as forças de segurança do estado — Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Técnica, Corpo de Bombeiros e demais órgãos — e regras claras de preservação, guarda e acesso aos registros, uma vez que a implantação anunciada em 2024 precisa resultar em cobertura plena e em políticas de transparência efetivas;
4. Criação de mecanismos que impeçam edição, ocultação ou destruição de registros e que garantam que imagens sirvam como prova isenta;
5. Políticas públicas de formação contínua em direitos humanos, mediação e prevenção do uso excessivo da força, além de programas de escuta e integração com as comunidades afetadas.
A morte de Caíque dos Santos Reis não pode cair no esquecimento. Exigimos que o Estado cumpra seu dever de proteção à vida e à dignidade humana. O MNU Bahia seguirá mobilizado e vigilante, cobrando justiça, responsabilização e políticas concretas que interrompam este ciclo de violência.
Salvador, 29 de setembro de 2025
Movimento Negro Unificado – Bahia