O Fórum de Entidades Negras da Bahia (FENEBA) realiza, no próximo Dia da Consciência Negra (20 de novembro), a 22ª Caminhada da Liberdade, tradicional ato que parte do Curuzu em direção ao Pelourinho e mobiliza milhares de pessoas em defesa da luta antirracista. Com o tema Descolonizar a África é libertar o Brasil, a edição deste ano presta homenagem a Burkina Faso, país da África Ocidental que se tornou referência internacional por sua busca recente por autonomia política e econômica.
O destaque recai sobre a liderança do jovem presidente Ibrahim Traoré, que tem chamado atenção mundial pela defesa contundente da soberania africana, inspirada no legado revolucionário de Thomas Sankara, responsável por batizar o país como Terra dos Homens Íntegros. Sob Traoré, Burkina Faso vive um movimento de resistência ao neocolonialismo e de reconstrução de sua identidade, reafirmando o pan-africanismo como caminho de liberdade — uma agenda que dialoga diretamente com a realidade do povo negro no Brasil.
Segundo o FENEBA, Burkina Faso simboliza a luta contra o controle externo das riquezas africanas e a afirmação de um caminho próprio de desenvolvimento, o que ecoa na trajetória histórica da população negra baiana. Ao reunir blocos afro, organizações culturais e o Movimento Negro Unificado (MNU), a Caminhada da Liberdade cria um elo entre África e Bahia, reforçando que a emancipação de um povo só é possível quando suas narrativas e seus recursos deixam de estar submetidos ao domínio colonial.
Para Raimundo Bujão, presidente do FENEBA, a celebração da Consciência Negra é também um chamado político. Ele destaca que a coragem do povo burquinense inspira o enfrentamento às desigualdades que marcam a vida da população negra no Brasil. O cortejo reafirma memória, resistência e futuro, fortalecendo a agenda de soberania, justiça racial e valorização da identidade negra.
Além dos pronunciamentos e das homenagens, a Caminhada da Liberdade incorpora expressões artísticas e musicais históricas, como as canções População Magoada e Afirmação ao Poder, que integram o repertório de luta do Ilê Aiyê e reafirmam o protagonismo cultural da população negra na Bahia.
O evento é organizado pelo FENEBA com participação de blocos e entidades como Ilê Aiyê, Muzenza, Os Negões, Aganjú, Okámbi, Cortejo Afro, Movimento Negro Unificado, FENACAB e ANAAD, fortalecendo a caminhada como um dos mais importantes atos políticos do Novembro Negro no estado.
Serviço
22ª Caminhada da Liberdade
Tema: Descolonizar a África é libertar o Brasil
Data: 20 de novembro
Saída: Curuzu
Chegada: Pelourinho
Realização: Fórum de Entidades Negras da Bahia (FENEBA)

