É lamentável que, mais uma vez, tenhamos notícias de tantos atos discriminatórios no Carnaval de Salvador, um evento conhecido por celebrar a diversidade e a cultura brasileira. A discriminação racial é uma violação dos direitos humanos e não pode ser tolerada em nenhuma circunstância.
A sequência de histórias absurdas começa pelo município, que falha ao deixar as pessoas que queriam trabalhar como ambulantes por dias à mercê de chuva e outros perigos em uma fila humilhante, chegando ao ponto da polícia jogar bomba em trabalhadores.
Continua na falta de dignidade à qual os cordeiros, ano após ano, são submetidos. Valores ínfimos pagos em diárias, somados a biscoito e caixinha de suco, para se expor durante horas com a missão de perpetuar a segregação tão visível no carnaval.
O caso de racismo do ambulante que foi denunciar o crime na polícia e acabou sendo tratado como um bandido, enquanto a turista racista era tratada como vítima, ultrapassa qualquer outro entendimento que não seja o de discriminação por conta da cor da pele.
Casos de abuso como o sofrido pela militante do MNU, Samira Soares, reforça o caráter misógino do carnaval, onde mesmo havendo campanhas contra assédio, se observa que instituições com milhares de associados como o bloco As Muquiranas, aparentam estar acima da lei, já que seus membros continuam desrespeitando as pessoas, sem responsabilização efetiva do poder público.
Foi visto em uma das equipes de polícia, durante o carnaval no Campo Grande, homens com o colete escrito DIREITOS HUMANOS e de cassetete em punho, prontos para massacrarem pessoas negras, tenham ou não cometido alguma infração.
Será que pessoas brancas não cometem qualquer infração no carnaval? Nenhuma briga, furto ou algo do tipo?
Todas as pessoas devem ter o direito de participar de eventos públicos sem medo de discriminação ou preconceito, independentemente de sua raça, cor, etnia, gênero, orientação sexual, religião, poder aquisitivo ou qualquer outra característica pessoal.
É importante que as autoridades responsáveis pelo Carnaval de Salvador tomem medidas imediatas e eficazes para investigar os incidentes e garantir que os culpados sejam responsabilizados.
Além disso, a sociedade como um todo deve refletir sobre suas atitudes em relação à diversidade e trabalhar para promover a inclusão e a igualdade em todas as esferas da vida.