MNU Bahia

Exposição da Biblioteca Juracy Magalhães Jr celebra novembro da consciência negra em Itaparica

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Três artistas itaparicanos, Ermeval da Hora, Edith Nobre e Edu Omo Oguiam mergulham nas raízes afro-itaparicanas e nas suas ancestralidades para celebrar a consciência negra neste novembro em que nos acostumamos refletir sobre racismo e intolerância religiosa. E nada melhor para essa reflexão crítica do que a arte de terreiro. É uma exposição de grande beleza e que vai surpreender muita gente, sobretudo pela pouca visibilidade, baixo reconhecimento público e pouca valorização por parte do governo. Itaparica continua com essa dívida com os artistas locais e especialmente com a arte e a cultura de matriz africana. A ilha é quase uma grande comunidade quilombola. Ainda assim, nosso milionário orçamento municipal está destinado a financiar atrações de fora, contribuindo também para a sangria da economia local. Ermeval, Edith e Edu poderiam se juntar a outros artistas visuais em um grande salão de artes, patrocinado pela municipalidade. Recentemente, um escultor (e negro) itaparicano – Agnaldo dos Santos, teve sua obra exposta do Museu de Arte Moderna da Bahia, depois de circular por outras salas de arte do Brasil. Agnaldo nasceu aqui em 1926 e ganhou fama e reconhecimento fora da cidade.

Mas quem são esses três artistas que expõem na Biblioteca Juracy Magalhaes Jr? Edith Nobre expõe os tradicionais figurinos dos orixás, usando bonecas barbies como modelos. Cada orixá está vestida com sua roupa de gala, e edite revela todo talento de uma arte quase desconhecida. Edu Omo Oguiam traz as ferramentas sagradas forjadas em metais; são peças muito delicadas e que revelam o privilégio de alguém escolhido a dedo pelo criador, para reproduzir suas criações. Ermeval da Hora arrasa nas máscaras e bustos afros como um veterano; toda sua criação revela fortes traços de religiosidade. Neste sentido, os três artistas dialogam por força de suas origens, de suas crenças religiosas, de suas afiliações artísticas e de seus compromissos históricos e culturais com sua raça.

Se você ainda não viu a exposição, é uma boa oportunidade de rever a mais bela e charmosa biblioteca da Bahia, totalmente restaurada e climatizada pelo IPHAN. A exposição também empresta mais cores e beleza a um espaço cultural em que até seus servidores parecem personagens especiais, de tão dedicados.

 

José Albertino

Sobre

Movimento Negro Unificado (MNU) é uma organização pioneira na luta do Povo Negro no Brasil. Fundada no dia 18 de junho de 1978, e lançada publicamente no dia 7 de julho, deste mesmo ano, em evento nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo em pleno regime militar. O ato representou um marco referencial histórico na luta contra a discriminação racial no país.

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